O recente caso do garoto que
atirou de forma premeditada e feriu dois colegas em uma escola na região
metropolitana de Belo Horizonte ressalta a necessidade de prevenção do
bullying, principalmente nas escolas. Pesquisas apontam que a agressão pode
causar transtornos permanentes tanto à vítima quanto ao agressor. A pesquisadora Cleo Fante,
ex-presidente do Centro
Multidisciplinar de Estudos e Orientação sobre o Bullying Escolar (Cemeobes),
explica em entrevista à Veja.com que “a curto e longo prazo, o bullying
interfere na autoestima, na concentração, na motivação para os estudos, no
rendimento escolar e nos males psicossomáticos (diarréia, febre, vômito, dor de
estômago e de cabeça) da vítima. A longo prazo, a vítima pode desenvolver
transtornos de ansiedade e de alimentação (bulimia, anorexia, bruxismo,
alergias, depressão e ideias suicidas). Se não houver intervenção, pode haver
efeitos para o resto da vida. A vítima pode ser sempre insegura. Alguns têm
resiliência, o poder de resistir e superar situações difíceis, mas outros
penam.”
O Instituto Proteger também se
preocupa com a evolução desse problema nas escolas brasileiras, já que os
efeitos dessa prática estão diretamente ligados às disfunções psicológicas de
dois dos principais entes de proteção do Instituto: a criança e o adolescente.
Pesquisa realizada em 2009 pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística) aponta que quase um terço dos estudantes brasileiros sofreram bullying, são cerca de 30,8% e a maioria
das vítimas são do sexo masculino.
Para tratar desse assunto, a
presidente do Instituto Proteger, Melissa Telles, foi à Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul para conversar
com o deputado estadual Jorge Pozzobom, que é membro da Comissão de Educação da
casa e, em parceria com o Conselho Nacional de Justiça, reproduziu uma cartilha
informativa sobre o que é a prática do bullying
e os efeitos dela chamada “Faça Amigos Não pratique Bullying”. O estado foi
o primeiro no Brasil a ter uma lei para combater o bullying escolar. A lei
13474/2010 obriga escolas públicas e privadas a desenvolver ações permanentes
de prevenção e atos de intimidação e de identificação rápida de casos de
bullying e também está na cartilha.
Durante a conversa, Pozzobom
reforçou a importância de debater ainda mais esse tema no Brasil por causa dos
efeitos negativos que podem gerar no futuro. Para ele, escola, família e
sociedade devem contribuir para essa discussão de forma a impedir que novos
acontecimentos como o de BH se repitam. Melissa concorda com o deputado e acredita
que o transtorno psicológico precisa ter a mesma atenção que a violência
física. Ela explica que dentro do Instituto existe um projeto chamado “Pensando
Formas de Proteger”, que visa buscar alternativas de proteção à partir do
desenvolvimento do conhecimento e essa conversa será levada aos representantes
desse grupo a fim de que mais ações sejam elaboradas para a prevenção e combate
ao bullying.
Laís Lisboa.
O que é o Bullying?
*fonte Brasil Escola
Bullying é um termo da língua
inglesa (bully = “valentão”) que se refere a todas as formas de atitudes
agressivas, verbais ou físicas, intencionais e repetitivas, que ocorrem sem
motivação evidente e são exercidas por um ou mais indivíduos, causando dor e
angústia, com o objetivo de intimidar ou agredir outra pessoa sem ter a
possibilidade ou capacidade de se defender, sendo realizadas dentro de uma
relação desigual de forças ou poder.
O bullying se divide em duas
categorias: a) bullying direto, que é a forma mais comum entre os agressores
masculinos e b) bullying indireto, sendo essa a forma mais comum entre mulheres
e crianças, tendo como característica o isolamento social da vítima. Em geral,
a vítima teme o(a) agressor(a) em razão das ameaças ou mesmo a concretização da
violência, física ou sexual, ou a perda dos meios de subsistência.
É um problema mundial, podendo
ocorrer em praticamente qualquer contexto no qual as pessoas interajam, tais
como escola, faculdade/universidade, família, mas pode ocorrer também no local
de trabalho e entre vizinhos.
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